Numa decisão histórica, 156 países assinaram um tratado global que proíbe o desenvolvimento, a produção e a utilização de sistemas de armas totalmente autónomos, muitas vezes designados por “robôs assassinos”. O tratado, finalizado após anos de negociações nas Nações Unidas, marca um passo significativo na regulamentação do uso da inteligência artificial na guerra.
O Tratado de Proibição de Sistemas de Armas Autónomas (AWSPT) define as armas autónomas como aquelas que podem selecionar e atacar alvos sem controlo humano significativo. O tratado exige que os signatários cessem o desenvolvimento de tais sistemas e destruam quaisquer arsenais existentes no prazo de cinco anos.
A Dra. Amina Osman, presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento, saudou o tratado como um “triunfo dos valores humanos sobre o determinismo tecnológico”. Ela declarou: “Este acordo garante que as decisões críticas sobre o uso da força permaneçam sob controlo e julgamento humano”.
A pressão para este tratado ganhou impulso na sequência de vários incidentes em que sistemas de armas semi-autónomos funcionaram mal durante exercícios militares, levantando preocupações sobre o potencial de erros catastróficos em situações reais de combate.
As principais potências militares, incluindo os Estados Unidos, a China e a Rússia, assinaram o tratado, embora algumas tenham manifestado reservas sobre o seu potencial impacto nos sistemas defensivos. Estes países concordaram em adaptar a sua investigação militar em IA para cumprir os requisitos do tratado para um controlo humano significativo.
As organizações de direitos humanos e os grupos de ética da IA acolheram favoravelmente o tratado, vendo-o como um passo crucial na prevenção de uma corrida ao armamento em armas autónomas. Argumentam que tais armas reduziriam o limiar para conflitos armados e representariam riscos sem precedentes para os civis.
No entanto, o tratado enfrenta desafios na implementação e verificação. Definir a linha entre sistemas autónomos e semiautónimos é complexo e existem preocupações sobre tecnologias de dupla utilização que poderiam ter aplicações tanto civis como militares.
O acordo tem implicações significativas para a indústria tecnológica, especialmente para as empresas que trabalham em IA e robótica. Muitas empresas comprometeram-se a evitar trabalhar em sistemas de armas autónomos, mas o tratado proporciona agora um quadro jurídico claro para tais compromissos.
Os estrategas militares estão divididos quanto ao impacto do tratado. Alguns defendem que isto impedirá o avanço tecnológico na defesa, enquanto outros vêem-no como uma oportunidade para se concentrarem no desenvolvimento de aplicações de IA mais éticas e controláveis em contextos militares.
À medida que os países iniciam o processo de ratificação e implementação do tratado, há uma discussão crescente sobre a extensão de princípios semelhantes a outras áreas do desenvolvimento da IA. Alguns especialistas apelam a acordos internacionais comparáveis sobre a utilização da IA na vigilância, na aplicação da lei e em infraestruturas críticas.
O AWSPT representa um exemplo raro de regulamentação proativa de uma tecnologia emergente antes da sua implantação generalizada. À medida que a IA continua a avançar, este tratado poderá servir de modelo para futuros acordos internacionais destinados a garantir que o progresso tecnológico está alinhado com os valores humanos e as considerações éticas.